BLOG DO CUCA

Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda (CUCA) localizado na cidade do Rio de Janeiro, na rua eng. Mário de Carvalho, 135- Vicente de Carvalho (próximo ao metrô de Vicente de Carvalho), com sessões (consultas com caboclos pretos velhos) às quartas, a partir das 19:00 horas, e aos sábados, a partir das 18 horas. TODOS OS NOSSOS ATENDIMENTOS SÃO GRATUITOS. O intuito deste blog é trazer informações acerca do CUCA e da Umbanda, mostrando nosso dia-a-dia.

24.9.06

Formatura

Na última sexta-feira, tivemos a certeza de que a Umbanda não é só dentro do terreiro. Não é ter somente a responsabilidade de curimbar por duas, três horas por semana e só voltar na semana seguinte. Não é comprar 5, 6 charutos e dá-los aos guias, e depois ir para casa. É muito mais do que isso. E tivemos a comprovação na sexta. O evento no qual me refiro foi a formatura do curso que é realizado no CUCA, intitulado de "curso de Umbanda Caboclo das Sete Encruzilhadas". Quem deseja entrar para o corpo mediúnico no CUCA, tem de passar obrigatoriamente por este curso, quem tem a duração de 4 meses. Durante o curso, que tem sua apostila própria, existem trabalhos que são feitos em casa, em sala, discussões de casos, estudos de grupos, etc. O Curso, que vem se aprimorando a cada reinício, é uma vitória dos dirigentes e colaboradores. O intuito é trazer o estudo para a Umbanda. COnhecer a faculdade mediúnica, aprender com os que têm mais tempo de Umbanda.
Pois bem, a formatura dos quase 30 formandos do curso foi algo indescritível. Primeiro, pela cerimônia. Organizado por eles próprios, tudo estava muito bem conduzido, alegre. Víamos nos rostos de cada um o orgulho de fazer parte daquela turma. Posteriormente, tivemos um excelente coquetel. Aliás, para quem não sabe, no CUCA tudo termina em festa! Como uma família que somos, família esta que cresce em progressão geométrica, tudo queremos confraternizar!
O grupo que se formou dá orgulho a todos nós, médiuns que já estamos fazendo parte do CUCA. Vemos em cada um a alegria e o amor em querer colaborar. Sentimo-nos honrados pela chegada de vocês. E desde já convido a todos para a gira festiva que ocorrerá no sábado, em comemoração a Xangô, e pela entrada destes novos médiuns. Será às 15:00 horas. Todos estamos ansiosos por este dia!!! Mas não nos esqueçamos da gira de Ibejada, que ocorrerá na quarta, dia 27/09. Será às 19:00 horas. Antes, às 15:00 horas, haverá distribuição de doces para as crianças. Com certeza será um dia também muito especial. COntarei a todos como foi!
Abraços!

4.9.06

Testemunho de uma gira

"Sábado, dia 2 de setembro de 2006. Primeiro sábado do mês. Sabia, através do calendário que havia visto na internet, que no centro seria gira dos exus. Era a primeira vez que ia, então o medo me consumia por dentro. Já havia ido há muitos centros que diziam ser de "Umbanda", mas que na hora era só "fachada". Cheguei por volta das 15 horas. Aparentemente, não vi nada de errado. Logo na entrada, um cruzeiro das almas. À esquerda da entrada havia duas casinhas. Quando olhei mais de perto, era de exu e a outra de Omulu. Mais à frente, a cantina do centro. Três pessoas vestidas de branco conversavam alegremente, como se estivessem no meio de amigos. A sensação, a princípio, era boa. Sentei-me na assistência, e aos poucos fui vendo que muitos se vestiam de branco. De repente, entra no terreiro um rapaz jovem, talvez não tivesse mais do que 25 anos. Seu porte transmitia segurança. Começou a defumar o terreiro, chamando logo após mais três médiuns para defumarem a entrada e os outros médiuns que adentrariam ao terreiro. "Pelo jeito, está chegando a hora da gira", pensei com meus botões. Começam a entoar um cântico de defumação: "estou louvando, estou incensando, a casa de meu Pai Oxalá..." Tive uma sensação gostosa, uma paz muito grande acercou-se de mim. Posteriormente à defumação, aquele rapaz, que logo depois fui saber que chamava-se Gregório, deu boas vindas às pessoas que ali estavam, agradecendo a presença de todos. Fez uma pequena preleção sobre o que era exu e o que se devia entender sobre merecimento. Achei importantíssima aquelas palavras. VI naquele jovem o amadurecimento e a segurança dos mais velhos. Mas também vi o amor e a alegria das crianças no coração do dirigente.
Assim que terminou, ele disse: "Salve a porteira! Salve Exu e pombagira!". Naquele instante, todo meu corpo fremiu. Uma energia muito grande começou a tomar conta do ambiente. Cantaram alegremente para exu. Depois, todos voltaram-se para o gongá e começaram a entoar pontos, para iniciar a sessão dos exus que viria em breve. Primeiro, louvaram os pretos velhos. Depois, cantaram um ponto para cada orixá de sustentação do centro: primeiro, Obaluaê; depois, Xangô; logo em seguida, Ogum.Depois cantaram o hino do centro. Não esqueceram de Oxalá, fazendo-se uma prece em seguida. Terminaram entoando a comovente prece de Francisco de Assis.
Assim que terminaram as louvações iniciais, a atmosfera já estava diferente. Já se sentia uma energia contagiante, os pêlos ouriçados, uma alegria indisfarçável. Mas o melhor estava por vir: a gira dos exus! E o atabaque, com três membros, começou a tocar. Primeiro, veio Seu Tranca Rua das Almas no dirigente; logo em seguida, cantaram para a pombagira cigana de uma moça que também não tinha mais de 45 anos. Quando a vi,assim que cheguei ao centro, tinha um sorriso gostoso. Sem a conhecer, a cumprimentei e fui recebida com um sorriso e um "seja bem vinda" tão fraternal, que me senti em casa. Depois é que soube que ela era dirigente. Aliás, é necessário frisar uma coisa: não há diferenças dos dirigentes para os outros médiuns da casa. Todos trabalham da mesma forma, não há roupas diferentes e nem vaidades. O exemplo dos dirigentes é de humildade. Pois bem, assim que cantaram para pombagira cigana, ela incorporou na médium que também era dirigente. Depois, começaram a cantar para os exus. A gira estava aberta. Nunca vi tanta alegria e animação. O atabaque estava afinadíssimo com a cúpula espiritual. Os exus eram disciplinados, mas nem por isso perdiam suas alegrias. Os médiuns que não estavam incorporados, cantavam e dançavam alegremente. Muitos abraçavam-se durate a gira cantando, louvando àqueles que traziam a força das encruzilhadas, das estradas. Eu me sentia tão bem que quando dei por mim, estava em pé cantando e batendo palma junto com aproximadamente 100 pessoas. Alguns exus saíam e conversavam com as pessoas, mas sem tumulto. O ambiente era de confraternização.
Mas nem tudo era festa. Passou algum tempo, o Seu Tranca Ruas pediu que fizéssemos uma fila. E então todos os exus começaram a trabalhar com velas acesas para que retirassem as mazelas e nos fortelecessem na nossa jornada. Estava me sentindo maravilhosamente bem com tudo aquilo.
Assim que terminaram, voltaram ao terreiro e continuou-se batendo para os exus. Depois, para nossa tristeza, cantaram para eles "subirem"... "Vai, exu vai caminhar.." Eles saudaram a todos nós e se foram...
Quando pensei que havia acabado, o dirigente saudou as matas de Oxossi. Começava-se a gira dos caboclos. Ah, como eu gosto de caboclos! E eles desceram rapidamente, e bradando e dançando como se estivessem numa mata. Vinham até nós e nos abraçavam como um pai pergutando se o filho está bem. Formou-se um círculo com os consulentes e os caboclos pegaram as ervas que já estavam previamente no terreiro e fizeram o que chamaram de "bate-folha". Nossa, como me senti bem! Cheguei por volta das 15 horas e saí às 21 horas com o coração alegre e feliz, pois vi que havia um centro sério que deixava a cargo das entidades espirituais a condução dos trabalhos, sem vaidade dos dirigentes, sem hierarquia enrijecida, como os médiuns abraçando-se, conversando, vendo que se sentiam felizes por ali estarem. Com certeza no próximo primeiro sábado do mês estarei novamente presente..."

Um testemunho fictício. Mas que bem reflete a gira de sábado que tivemos. Algo indizível de se descrever.

Abraços fraternos!

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