Ensinamentos diários
Viver é conhecer o universo que compreende cada ser humano, ter o seu auto conhecimento, desvendar seus medos, suas dificuldades e lapidar suas virtudes. É notar que em determinadas situações o aprendizado está ali, dado na nossa frente, como fonte límpida para matar nossa sede, mas deixamos escorrer por entre os dedos por não prestarmos atenção devida naquele momento.
Digo isso porque nessa semana vivi uma bela experiência no CUCA. Mudarei um pouco os objetos e a situação, até porque o intuito do blog é não falar de pessoas, mas de fatos. Mas o conceito em si permanecerá intacto.
Fui buscar determinado objeto na administração do CUCA e parei para conversar com duas pessoas nas quais tenho um apreço muito grande. Ria divertidamente quando um consulente chegou até nós e disse:
- Gostaria de ver se meu nome está nesses papéis.
-Pois não, vou já procurar, disse a pessoa na qual conversava.
Só que havia muitos papéis, sem qualquer organização aparente. E a pessoa estava lá procurando. Passados uns 2 minuto, o consulente, falou:
-Procure nos últimos papéis, pois meu nome é com “W”.
- Pôxa, mas nem vai adiantar – disse a pessoa- pois não está em ordem.
- Então, disse o consulente, não é mais prático colocar em ordem? Deveriam fazer isso.
Quando escutei aquilo, já me subiu um sentimento não muito, digamos assim, “cristão”. Como uma pessoa vai dizer o que fazer ou não fazer? E, aliás, pensei comigo, se quiser, que nos ajude. Não sabe ele o trabalho que se tem aqui...
Nesse instante que vários pensamentos se aglomeravam, a pessoa respondeu:
- O senhor está certo. Farei isso já, já... muito melhor! Vai dar um pouco de trabalho agora, mas vai ficar mais organizado.
Imaginem onde ficou meu queixo... eu não pensei daquela forma! Não tive aquela atitude. Mas a situação era igual...no entanto, pensamentos, atitudes, gestos diferenciados! Nessa hora eu vi a grandeza de um espírito. O ensinamento foi passado, não por palavras, mas pelo exemplo de amor. Víamos, eu e ela, a mesma situação, mas por olhos diferentes. Leonardo Boff afirma no prefácio do seu livro (e excelente, por sinal) “A Águia e a Galinha”: Cada ponto de vista é a vista de um ponto. Isso significa que várias pessoas podem ver o mesmo objeto, mas por estarem em posições diferentes, também terão a visão diferenciada. Assim foi naquele momento. Com certeza aquela pessoa do CUCA teve a visão muito mais apurada do que é a Umbanda do que eu. Para mim, ficou o ensinamento para guardar para o resto da vida em meu coração e a felicidade de poder conviver com pessoas assim em nosso meio.
Ah, e como final da história, ao término da sessão, muito sorrateiramente, fui ver como estavam os “objetos” que procuravam...todos organizadinhos!
Tomara que possamos, em um dia, sermos todos assim.
Depende de nós...
Paz e bem a todos!