BLOG DO CUCA

Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda (CUCA) localizado na cidade do Rio de Janeiro, na rua eng. Mário de Carvalho, 135- Vicente de Carvalho (próximo ao metrô de Vicente de Carvalho), com sessões (consultas com caboclos pretos velhos) às quartas, a partir das 19:00 horas, e aos sábados, a partir das 18 horas. TODOS OS NOSSOS ATENDIMENTOS SÃO GRATUITOS. O intuito deste blog é trazer informações acerca do CUCA e da Umbanda, mostrando nosso dia-a-dia.

30.6.09

Batizado

Dia 27/06 ocorreu a cerimônia do batismo no CUCA. Médiuns e consulentes puderam escolher suas entidades para serem seus padrinhos e madrinhas.
Sempre me perguntei o porquê do batismo na Umbanda. Sabemos que é um sacramento católico,sem qualquer interligação com os nossos princípios. Na minha cabeça, poderia ser um ritual importado de outras religiões,mas que talvez ficasse sem colocação nos rituais Umbandistas. Além do mais, o batismo católico serve para tirar da criança o "pecado original". Vem cá, que pecado original é esse sem nem em Adão e Eva acredito?
Apesar do pouco tempo de Umbanda, percebi que os meus questionamentos e críticas com relação a religião na qual professo só existem porque ainda não conheço a fundo determinado assunto. No momento que estudo, que procuro saber com os guias determinadas situações, passo imediatamento do "isso é bobeira" para "nossa, tem todo um fundamento!".
Assim foi com o batismo. Se para os católicos serve como limpeza do pecado original, para nós significa mergulhar a fundo na religião. É o nascimento da fé, a conversão para a umbanda, o laço que se aperta mais forte, a responsabilidade daquele que se batiza em entregar de corpo e alma para a Umbanda. É a demonstração de carinho e fé pelas entidades que batizam, bem como da proteção dessas próprias entidades com os seus afilhados.
Quem passou pela a emoção de se batizar sabe o sentimento que corre à alma naquele momento. E no batismo que ocorreu no CUCA, percebíamos com muita clareza esses sentimentos. Nada mais comovente em ver uma preta velha lhe cruzar, passar azeite e depois um preto velho jogar água em sua cabeça, transparecendo um amor que ainda não temos mãos e pés para alcançar. E os padrinhos, ao final, com pétalas de rosas brancas, selarem essa liturgia tão bela que a Umbanda tem. Algo para ficar na memória dos que viram e no coração de quem se batizou.
Abraços fraternos!

20.6.09

Fundamentalismo

Resolvi postar um texto já divulgado pelo CUCA anteriormente, onde acredito que podemos pensar um poucos mais sobre as atitudes incoerentes e fora de razão daqueles que por fraqueza moral e nenhum dicernimento de pensamento trabalham para o regresso da humanidade.

O fundamentalismo religioso muito em voga nos tempos atuais graças aos noticiários e reportagens jornalísticas, em geral, associadas ao islamismo por comodismo e convenção das elites mundiais, infelizmente não tem fronteiras e não é adjetivo de uma religião específica. Ele sempre existiu em diversas religiões e em diferentes épocas. Expressa a necessidade de alguns grupos “religiosos” em arregimentar novos rebanhos para suas práticas, sobretudo com base na imposição de idéias e conceitos nem sempre claros de livros sagrados, escritos antigos e práticas ultrapassadas.
O fundamentalismo se baseia numa busca salutar às bases, à origem no bem inicial. Um recomeço com base em experiências quase sempre místicas dos primeiros, dos iniciadores das religiões. Idéias e ideais quase sempre retrógrados devido ao estado de evolução que estamos na sociedade moderna. Essa busca a um passado glorioso e tido como perfeito é a tônica dos fundamentalistas que fundamentam suas idéias nos conceitos antigos de como a religião deve ser exercida. Por exemplo, tomam as práticas religiosas e sociais descritas no passado como regras a serem seguidas, fundamentam suas idéias e decisões atuais em escritos antigos como acontece em caso de doação de sangue, castigo aos vendilhões dos templos e o apedrejamento em caso de adultério.
Imaginando que você não é um fundamentalista, não se apavore se vir alguém sendo julgado como bruxa e em seguida sendo queimada em praça pública. Isso seria um fundamentalismo e seria aceito perante os fundamentalistas, como de fato já foi um dia. Os fundamentalistas, em geral, não se identificam como tal, graças ao sentido pejorativo que a expressão carrega nos dias atuais. Mas de fato o são quando tentam impor práticas religiosas como sendo as verdadeiras, quando tentam usar a violência como última saída para a aceitação de suas idéias, como nos fatos que vêem ocorrendo de intolerância religiosa contra casas espíritas, umbandistas e de candomblé. Certos grupos pentecostais ou evangélicos os praticam sem pudor, ou alguém ainda acha plausível atacar casas e templos espíritas simplesmente porque no novo testamento não está descrito a importância de Allan Kardec ou do Cabloco das 7 Encruzilhadas? È nisso que se baseia o fundamentalismo. É o preto no branco. O que não está contemplado deve ser eliminado, mesmo que pela força. O muro de virtudes fundamentalistas que protege a identidade do grupo religioso que o pratica, é instituído não só em oposição a religiões estranhas, mas também contra os modernizadores.
A percepção dos fundamentalistas é sempre escura e distorcida porque encontram no novo algo de ameaçador às suas crenças, ao seu poder ou a sua religião e sem dúvida não existem melhores argumentos para o fundamentalista, onde o novo quer sempre desvirtuar para o que realmente importa, ou seja, o novo quer sempre enganar os incautos da herança sagrada que recebemos e seguimos diretamente de Deus.
O fundamentalismo é algo que permeia todas as religiões e seus praticantes. Fazer por fazer não ajuda e não esclarece nada e ninguém. A educação ainda é a principal virtude para o verdadeiro conhecimento e a contestação respeitosa ainda é o caminho para seguirmos com nossa evolução. Sem dúvida é necessária uma atenção redobrada sobre nossos instintos para não cairmos neste poço que já trouxe inúmeros desgostos à humanidade. Os filhos do fundamentalismo são conhecidos, embora poucos parem para pensar sobre a origem dos males que já vivemos. Extermínios de raças, culturas e religiões ainda são recentes na história da humanidade e são chamadas de holocausto, escravidão, limpeza étnica e intolerância religiosa, todos frutos de idéias fundamentalistas.
É claro que o termo fundamentalismo só encontra explicação hoje, quando contrapomos a nossa realidade à realidade de 1000 ou mais anos atrás, quando parecia só existir um único pensamento válido, normalmente imposto pelas inúmeras guerras e assimilações de territórios, povos e suas culturas. Hoje em dia, vivemos numa grande pluralidade de valores, onde não deveria existir primazia de apenas um pensamento religioso.
Embora ser fundamentalista não implique em ter atitudes extremas, quem o faz são extremistas, as atitudes extremas são os veículos dos fundamentalistas. Imposição de Idéias atrasadas não são cabíveis hoje em dia, mas para os fundamentalistas ainda são e pior, devem ser acatadas. È nisso que baseiam atitudes ignorantes e descabidas de lógica. Para eles apenas a lógica do que está escrito e decorado vale. Pensar....para quê? Está escrito, isso é que vale. Mesmo que a leitura não seja feita em sânscrito, grego arcaico ou ainda, sobre o Monte Sinai.

Festa de Exús - De dois pontos do terreiro.

Primeira visão

Em uma gira de Exu tudo se espera. Talvez vestimentas vistosas, cores vivas, com saias bem engomadas e armadas. Talvez a fartura da bebida, do álcool, demonstração (?) irrefutável da presença deles no terreiro. Quem sabe uma conversa de canto de ouvido, um palavrão bem colocado, uma “chamada” forte no consulente, trazendo para uma realidade. Tudo isso misturado com um som forte e cadenciado de ogãs que ora cantam, ora toma uma cerveja e uma churrasqueira acesa convidando os consulentes para uma “carninha bem passada”.
Quem não conhece o CUCA e, indo pela 1ª vez, pudesse encontrar tais elementos, se enganou. A beleza da festa dos exus que ocorreu no último sábado, dia 13 de junho, se fez na simplicidade e na energia que eles transmitiram. Como descrever com palavras o sentimento de leveza e pureza espiritual sem ser pobre com esta discrição? Para ser sincero, fiquei quase 5 dias pensando em como colocar no “papel” algo que tocou no coração de todos. Impossível, tanto pela falta de talento pessoal quanto pela grandiosidade do evento.
Nada ocorreu de diferente no ambiente material. A organização, sempre primorosa, estava presente. A decoração, impecável. O atabaque, em completa sintonia. A diferença estava nos “donos da festa”. Muita alegria, respeito, disciplina e lealdade com os princípios da Umbanda. Sentíamos a vibração marcante deles, olhando-nos e escutando nossos pedidos e agradecimentos. Exu é magia, obediência, descontração, trabalho. E ficou claro na festa. Exu é, por tudo isso, grandioso, como grandiosa foi a sua festa!
Por tudo que foi demonstrado no sábado, quem me dera no futuro(e espero que distante), ao me desvencilhar das amarras da terra, ser conduzido por eles até os seus postos. Não será merecimento, e sim misericórdia divina...

Segunda visão

Chamar a comemoração de 13 de junho de Festa de Exús, já se tornou redundante. A presença dos Exús, por si só, já é uma festa e essa festa só acontece por eles estão lá, em terra. Talvez, o que melhor defina essa data é o que comumente ouvimos no terreiro: “Hoje é o dia deles”.
Nenhum elemento “festeiro” consegue ser esquecido: as bebidas, o fumo, as gargalhadas, as conversas animadas e a música....Tudo se encaixa tão perfeito aos Exús que é impossível estarmos na presença deles e não chamá-los de compadres e comadres, afinal que melhor saudação teríamos aos amigos espirituais numa noite de festa tão descontraída?!
Mais uma vez, os consulentes agradecidos, os médiuns eufóricos e os Exús em alegria máxima puderam transformar mais essa noite de Santo Antônio em mais uma festa única e inesquecível. A energia do terreiro se manteve do início ao fim em grande astral, mérito de todos, que desde a vinda dos Exús em terra até o momento da subida, estiveram em perfeita sintonia com a noite deles, cantando, batendo palmas e recebendo as suas saudações (e energia) com misericordiosa consternação junto às cordas do terreiro ou no momento do passe. A noite com os Exús nunca é a mesma. Ainda mais quando podemos observar o desenvolvimento desses espíritos junto aos seus médiuns e ao CUCA; o aprimoramento na forma de trabalho e a sua vibração capaz de absorver nossos clamores mais íntimos. De fato, o que seria de mim (de nós) sem Exú em nosso caminho caminho.

Sinceros agradecimentos e abraços fraternos à todos!

14.6.09

Um pouco mais sobre intolerância

Na última postagem, falamos sobre o ocorrido no centro do pai Joelmir D´Oxossi. Falamos o quanto essas atitudes nos trazem sentimento de tristeza, indignação e repúdio. Inclusive, hoje ocorreu uma caminhada dos adeptos da religiões afro em demonstração de solidariedade ao Joelmir.
Mas na verdade, o que queremos falar aqui é sobre um outro lado: o espiritual.
Na gira de ontem, o Gregório antes de iniciar os trabalhos, teceu alguns comentários sobre o ocorrido, pedindo aos nossos guardiões que os amparasse nesse momento no qual pai Joelmir estava passando
Pois bem, ao final da gira, o Seu Tranca Ruas não se fez de rogado e falou algumas coisas que ainda repercutem em nossa alma: “Quanto mais pisam na Umbanda, mais ela cresce, como semente sendo enterrada em terra fértil. A vocês não cabem fazer julgamentos, pois somente o “Homem Coroado” tem esse poder. A nós cabe o trabalho, sempre no silêncio. Pois eu digo uma coisa: podem quebrar tudo, mas não vão quebrar o meu coração, que é a minha fé”.
Sábias palavras de uma visão que até então não tínhamos. De fato, estamos ainda muito distantes dessa consciência espiritual e de união dos Umbandistas. Refletiu bem o que foi a gira de ontem.
Ah, em breve falaremos sobre a gira (que gira!!) em homenagem aos nossos exus e pombagiras.

Abraços fraternos!

13.6.09

Diga não à intolerância.





Representantes de várias religiões fazem manifestação em defesa de templo

invadido



RIO - Representantes de diversas religiões afrobrasileiras, como candomblé e umbanda, realizam neste domingo, às 10h, uma manifestação em defesa da liberdade religiosa em frente ao centro espírita e templo cigano Tasar Antal Kóczé, na Estrada do Gabinal, na Freguesia, Jacarepaguá.
Na madrugada da última quinta-feira, o local foi invadido por vândalos e teve três imagens de santas destruídas, entre elas uma de Nossa Senhora Aparecida.
Segundo Joelmir Armendro, o Pai Joelmir de Oxóssi, administrador do santuário, testemunhas contaram ter visto dois homens e uma mulher saindo do local por volta das 2h30m de quinta-feira. O caso foi registrado na 32º DP (Taquara) como intolerância religiosa.
Segundo ele, o objetivo do protesto no domingo será não deixar o crime cair no esquecimento.
- Foi um absurdo, entraram aqui e não roubaram nada, só destruíram nossas imagens e jogaram tudo no chão.



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Intolerância religiosa. Ser intolerante já é, por si só, uma afronta à evolução. Se uma pessoa não tolera que outas sejam diferentes, seja cultural, moral ou religioso, não há como deixá-la viver em sociedade. Inclusive, o legislador resolveu punir criminalmente àqueles que discriminam, dizendo o seguinte: “filhinho, se você não tem condições de conviver (viver com) com diferenças, serei obrigado a deixá-lo no “xilindró” por 3 anos até que aprenda, com a dor, o que é ser tolerante. Vai ter banho de sol 3 vezes por semana e será “tolerante” com os 123 outros iguais a você, em uma cela.”
A lei Caó (7.716) assim dispõe:
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.Pena: reclusão de um a três anos e multa.”
Todo Umbandista, Candomblecista, Espírita tem o dever de denunciar esses acontecimentos. Hoje vivemos em uma sociedade democrática, onde o próprio Estado nos dá subsídios para nos defendermos destes desmandos. Não temos de ter vergonha em professarmos nossa fé, dizer “Sou Umbandista” ou usar uma camisa do orixá que somos devotos. Senão, daqui a pouco teremos de colocar letreiros nos centros de Umbanda mais ou menos assim: “Igreja Evangélica do Pai Antônio” ou “Igreja Universal do Reino de Oxalá”, ou ainda “Igreja do Bispo Joelmir D´Oxóssi” para não sermos execrados em praça pública.
Seria cômico se não fosse trágico...

12.6.09

Recomeçar...

Dizem que tudo na vida se recomeça. A criação é única, ocorre no lampejo, ou as vezes é fruto de um "tubo de ensaio", fica ali anos a fio esperando o "bum!", e desse estouro se cria, se faz vida. No mundo real é assim. Talvez aqui no mundo virtual também. Esse blog foi criado há mais de 3 anos no intuito de trazer informações sobre um centro recém-nascido, com apenas 1 ano de idade. Tínhamos acabado de mudar de sede e os trabalhos foram se avolumando, tomando um tempo maior dos poucos que estavam engajados. Por tais fatos, o blog, foi esquecido. Passados esses anos, talvez agora no seu tempo certo, recomeça. Não mais escrito por uma "mão anônima", mas por várias. Agora, esperamos que o blog cumpra seu papel: trazer o dia-a-dia do CUCA. Queremos aqui ter uma linguagem informal. Deixemos para o informativo, que também estará na residência daqueles que estão cadastrados no mês de julho, uma linguagem mais formal, trazendo matérias interessantes, falando sobre temas da Umbanda. Aqui, definitivamente, não será assim. Contará as nossas experiências, nossas histórias, o cotidiano daqueles que vivem (e absorvem) o Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda. Haverá entre nós interatividade. Assim como a mitologia da fênix, esse blog se renasce das cinzas. Aproveitemos!

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