BLOG DO CUCA

Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda (CUCA) localizado na cidade do Rio de Janeiro, na rua eng. Mário de Carvalho, 135- Vicente de Carvalho (próximo ao metrô de Vicente de Carvalho), com sessões (consultas com caboclos pretos velhos) às quartas, a partir das 19:00 horas, e aos sábados, a partir das 18 horas. TODOS OS NOSSOS ATENDIMENTOS SÃO GRATUITOS. O intuito deste blog é trazer informações acerca do CUCA e da Umbanda, mostrando nosso dia-a-dia.

25.3.10

Um dia de desenvolvimento diferente...

     Nessa segunda-feira que passou, dia de desenvolvimento mediúnico no centro, fomos "convocados" pelo seu Tranca Rua, para uma conversa. Assim que iniciou-se o trabalho, todos ficaram colocados à  frente dele e da Dona Cigana ...e durante quase 3 horas ouvimos muito... mas não ouvimos bronca, ameaças, palavrões (coisa que não se escuta dele), nem tampouco assuntos relacionados a situações terrenas. O que foi passado foi uma aula de conduta mediúnica e postura ética dentro de um centro de Umbanda e da vida como um todo.


     Ao iniciar a conversa, sentíamos nitidamente a presença de todos os exus que trabalham na casa auxiliando naquele momento. A atmosfera era de respeito, seriedade, mas não estava com um ar "pesado" como de um empregado que se coloca na frente do chefe para ouvir as críticas do seu trabalho. O que foi passado, por vezes é batido constantemente nas conversas, mas da forma que foi colocado, é para não se esquecer.


     O que os exus dirigentes da casa queriam era chamar a nossa responsabilidade enquanto médiuns. Esquecemos, não raro, que SOMOS MÉDIUNS 24 horas por dia, e que esse "link" com as entidades não deve ser feito apenas no terreiro, na hora da oração. Aliás, o que faz essa ligação ser bem sucedida é a conduta que temos durante o nosso dia, e não dentro do terreiro.


     Escutamos, de cabeça baixa, que normalmente procuramos quando precisamos, mas tão logo a resposta é dada, viramos as costas para eles. E que a carência que reclamamos é fruto dos nossos atos, pensamentos e atitudes. Falta GRATIDÃO com a casa e com as entidades. Muitos ali chegaram e nada tinham. E assim que foram tratados, abandonaram a responsabilidade.


     A palavra gratidão me marcou muito... porque exu é, por definição, leal. Lealdade e gratidão são características inatas a todos esses trabalhadores, ao ponto de Dona Cigana dizer que, pela sua "menina", ela é capaz de dar passos para trás só para defendê-la. Não há lealdade maior que essa.. de deixar de pensar em si para cumprir, com lealdade, aquilo que lhe foi designado. E isso acontece com toda essa falange. E o que damos a eles em troca? Essa foi a pegunta central deixada por seu Tranca Rua. Os abandonamos, mas NUNCA somos abandonados. E esse "abandonar" não significa deixar de pensar neles. Pensamos sempre, talvez. E quem sabe até pedimos e agradecemos por tudo. Mas abandonar, para eles, é não seguir com lealdade, gratidão, JUSTIÇA, amor e fé. De que adianta levantar, pela manhã, agradecendo pelo dia que se inicia, mas logo após discute com alguém, é maledicente no trabalho, impaciente com o pedinte e faz intriga dentro do centro? ISSO É ABANDONAR!


     Nós, médiuns de Umbanda, temos o privilégio que talvez NENHUMA outra religião possui: o contato direto, diário com as entidades espirituais. Poderíamos sanar todas as nossas dúvidas, nos colocarmos à frente da entidade e perguntar o que é a espiritualidade, como ela se traduz, as histórias e ensinamentos daquele espírito. Mas jogamos fora essa oportunidade perguntando se conseguiremos trocar de carro ou se no trabalho o ambiente vai melhorar... tantas perdas...tanto desperdício. E o seu Tranca Rua falou isso. Que poucos vão até ele para aprender, perguntar. E que essa atitude deveria começar a vir dos mais velhos de casa até os mais novos que chegaram, para que os mais velhos sejam bons exemplos para os que chegam.


     Quase 3 horas de conversa. O silêncio se fez. Ele joga a fumaça do seu charuto para o alto. Dona Cigana, ao lado, traga o que seria o seu último cigarro da noite. Olha para frente, pede um ponto de subida..."quando Exu caminha, alguma coisa ele vai fazer...". Ali já havia sido feito algo. A semente do ensinamento, a forma como devemos nos portar. Cabe a todos seguir o que foi nos foi passado.

Paz e bem a todos!

11.3.10

Filhos de Orixás

Recebi, por esses dias, um texto engraçadíssimo sobre as características dos filhos dos orixás numa situação hipotética. Quando li, comecei a rir porque ao mesmo tempo que é cômico, traz uma semelhança muito próxima da realidade. Ei-lo:

"Para definir bem a influência dos orixás nas pessoas vou contar uma história engraçada: eu explicava para um grupo as influências dos Orixás nas pessoas. Simulei um fato. Duas pessoas brigando. Passando um filho de Ogum, ou ele passa direto e nem olha, ou já vai se meter na briga.






      Um filho de Xangô para, fica olhando, e já começa a reclamar. Coitado do baixinho! Por que será esta briga? Acho que aquele alto não tem razão. E pior, nem sabe brigar. É um fraco. E fica questionando.





      Um filho de Oxóssi para, senta no chão e, rindo, fica assistindo e se deleitando com a briga.





     Deu a entender ter terminado. Achei sugestiva sua explicação. No entanto, alguém indagou qual seria o comportamento das filhas do povo da água. - Bem  -  disse ele -  uma filha de Iemanjá chamaria os dois, colocaria suas cabeças em seu colo e os acalmaria recomendando paz.

 



       Uma filha de Iansã já reclamaria e chamaria a polícia.




 
      E parou de citar.
     Alguém ao fundo interpelou: "E uma filha deOxum, que faria?"   "Nada. -  respondeu-  E nem poderia. Os dois estavam brigando por  causa dela..."






      Simplesmente sensacional!

      Paz e bem a todos!

8.3.10

Uma perguntinha...

Estava (re)lendo o tópico sobre desenvolvimento mediúnico, e me veio à mente o seguinte pensamento: você, médium, é um aparelho mediúnico. Basicamente, é um decodificador das mensagens dos espíritos. Se fizéssemos uma comparação com os nossos aparelhos terrenos você seria uma televisão, por exemplo. A mensagem, o som e a imagem chega a todos os aparelhos de forma indistinta para os televisores. A diferença está no tipo de televisão. Então você, médium de Umbanda, é um televisor preto e branco, com poucos recursos, ou um full HD, LCD, Widescreen, Virtual Dolby Surround de alta “tecnologia”?



Não esqueça: o sinal originário é igual para todos. O que diferencia é a televisão.



Cabe a você escoher....


Paz e bem a todos!






7.3.10

Salve a nossa banda!

     Primeiramente, não há palavras para agradecer o número de acessos em 1 semana neste humilde blog. Foram quase 300, o que dá um estímulo muito grande em continuar o trabalho de divulgação do CUCA e, claro, da Umbanda. A proposta do blog é exatamente essa: trazer esclarecimentos acerca da Umbanda. Mostrar os trabalhos que são realizados, contar ensinamentos e histórias vivenciadas dentro do terreiro, seja vendo um trabalho ou aprendendo nas consultas com as entidades. É claro que para trazer mais conhecimento, por vezes extraímos uns textos que vão ratificar aquilo que nos foi ensinado. Mas sempre trazendo o ensinamento da prática mediúnica.

     Ontem os trabalhos no CUCA foram maravilhosos. Apesar da chuva torrencial que caiu no Rio de Janeiro (e São Pedro não aliviou nem para os lados de Vicente de Carvalho), tudo transcorreu na santa paz. Casa muito cheia, como sempre. Em especial por ser gira de exu e consultas com os próprios. Não sei que fascinação exu traz às pessoas... quer dizer, tenho ideias formadas sobre isso, mas talvez seja assunto para outra ocasião. O que eu quero escrever hoje não é sobre a gira dos exus, mas o que aconteceu antes, que talvez tenha passado despercebido para alguns.

     Aos términos da 1ª parte dos trabalhos, que foi conduzida por seu Ubirajara e seu Laçador, com uma gira de beleza espiritual sem igual, seu Ubirajara falou sobre a necessidade da firmeza dos trabalhos espirituais, sobretudo dos médiuns, que deveriam ser bons aparelhos mediúnicos, ainda mais que passamos pelo período da quaresma, onde há, ainda, locais que utilizam esse período para fazer o mal, deixando a ambiência espiritual mais densa. Ao término, ele disse uma coisa que me pensar sobre organização espiritual. Assim foi dito:

     - Nós (os caboclos), continuaremos tomando conta dos trabalhos. Não em terra, incorporados, mas auxiliando os exus em seus trabalhos. Muitos sairão das suas defesas, das suas porteiras, e nós estaremos em seus lugares, tomando conta da casa.


     Na hora achei fascinante esta organização espiritual. Não existem, no outro plano, trabalhos melhores ou piores. Existem sim compromissos, responsabilidades de todos em conjunto. Utilizando uma metáfora, é como se fosse um grande relógio. Se alguma peça quebrar, seja uma pequena catraca, um parafuso, ou o ponteiro das horas, o relógio parará de funcionar, comprometendo todo o aparelho. Assim é na espiritualidade.

     Certa vez, há muito tempo, fiz uma visita ao Frei Luiz, e um médium de lá, vidente, dizia que na entrada dos portões havia muitos índios que atiravam flechas luminosas, espantando os espíritos menos evoluídos.

     Logo, é fácil entendermos, e desconstruirmos, a ideia de que para exu é dado o pior trabalho, ou o mais denso, porque ele não é tão evoluído. Ontem, no CUCA, o dirigente da casa disse exatamente o inverso: que quem estava nas consultas seriam os exus, e os caboclos, na retaguarda.

     A função de exu é guardar, proteger. Mas nada é estático, enrijecido. Conforme a necessidade e os desígnios do Alto, novas determinações são dadas para a condução perfeita dos trabalhos.

     Exu é amigo, trabalhador, companheiro, guardião. Mas qual falange não é? Sabemos que o compromisso de exu é da proteção, segurança nos trabalhos, mas isso não desmerece o seu trabalho. E seu Ubirajara nos mostrou isso ontem.

     Para enriquecer o ensinamento, trouxemos alguns trechos de livros espíritas que falam sobre os “guardiões” e os seus trabalhos:

     “Fomos apresentados a uma entidade que estava postada junto à soleira da porta. O espírito parecia um soldado, que estava de prontidão para manter a ordem e a disciplina. Lá fora víramos outros, que estavam em pontos estratégicos, em tomo de todo o quarteirão onde se localizava a construção física da tenda. Impunham respeito e zelavam pela disciplina do lugar. Eram perfeitos cavalheiros.” Tambores de Angola.

     De súbito, um companheiro de alto porte e rude aspecto apareceu e saudou-nos da diminuta cancela (LÁ NA PORTEIRA EU DEIXEI MEU SENTINELA...), que nos separava do limiar, abrindo-nos passagem. Silas no-lo apresentou, alegremente. Era Orzil, um dos guardas da mansão, em serviço nas sombras. A breves instantes, achávamo-nos na intimidade de pouso tépido. Aos ralhos do guardião dois dos seis grandes cães acomodaram-se junto de nós, deitando-se-nos aos pés. Orzil era de constituição agigantada, figurando-se-nos um urso em forma humana. (Nosso Lar)

     Três guardas espirituais entraram na sala, conduzindo infeliz irmão ao socorro do grupo. (Nos Domínios da Mediunidade)

     "Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o assistente nos aproximou, demonstrava superioridade moral." (Nos Domínios da Mediunidade).
     Quem seriam esses apontados nos livros acima? Exu? Com certeza, mas quando precisar, qualquer um trabalhador da seara do Cristo estará à disposição...





"Para bem conhecer uma coisa é preciso tudo ver, tudo aprofundar, comparar todas as opiniões, ouvir os prós e os contras."

Allan Kardec

Revista Espírita Setembro de 1866











Paz e bem a todos!

1.3.10

Desenvolvimento

Nesse final de semana chuvoso, resolvi navegar pelo orkut. Entrei na comunidade do CUCA e vi um tópico sobre desenvolvimento, onde uma irmã queria saber detalhes, até por falta de esclarecimentos que há sobre o assunto.

Quando li, percebi que por vezes passamos direto por um tema sem qualquer comentário, achando que está claro para todos. E notei que isso não acontece. E o pior: as vezes ACHAMOS que sabemos... digo isso porque após ler os comentários das pessoas, eu me perguntei o que seria o "desenvolvimento"... até organizar as idéias, entender a importância disso na religião e em toda sua sistemática, demorou um pouco. Por isso resolvi dedicar esse texto falando sobre o tema.

Para entender a necessidade e a importância do desenvolvimento mediúnico, é preciso saber o que é médium. Significa medianeiro, aquele que faz a "ponte" entre os dois mundos (essa expressão é bem mística, não acham?), o físico e o espiritual. Existem diversos tipos de mediunidade: a psicografia, vidência, clarividência ( tipo de mediunidade que permite ver fatos que ocorreram no passado e que ocorrerão no futuro. Hoje em dia esse tipo de mediunidade é MUITO RARA!),audição, transporte, psicofonia, dentre outras tantas. Vamos nos ater a psicofonia, ou incorporação, utilizado nos terreiros de umbanda.

O desenvolvimento mediúnico, ou educação da mediunidade, ou treinamento mediúnico, é o momento em que você entra em sintonia com as entidades, para que elas possam "moldar" o seu aparelho mediúnico para os trabalhos a serem feitos. É um enlace de energias, onde o médium, juntamente com seus guias, ganharão o que se chama de "afinidade fluídica".

Muitas vezes vemos, na Umbanda, um médium se jogando de um lado para o outro. Algum desavisado (e sempre há) diz a seguinte pérola: "é o guia que está dando surra no cavalo"... meus amigos, não é! O que ocorre é um choque de energias, onde o médium, talvez por uma energia mais densa, entra em contato com outro tipo de energia, ainda desconhecida dele, com certeza mais tênue e elevada, havendo o "choque", resultando, não raro, nesse tombar dos médiuns.

Então, é necessário, imprescindível, que o médium se prepare mentalmente e espiritualmente, sendo o auxiliador no processo do desenvolvimento. Tendo boas energias, a comunicação se torna mais fácil. O médium entenderá a mensagem que está sendo recebida e será bom reprodutor desta.

Pela grandiosidade de energias que se exigem nesse trabalho, o ambiente tem de estar seguro, bem firmado e sem assistência - porta de entrada de perturbações espirituais.

O médium tem de ter a consciência da responsabilidade no processo do seu desenvolvimento, pois dele dependerá o bom aproveitamento da comunicação e da corrente na qual faz parte. Daí a importância de um desenvolvimento mediúnico sério. A grossíssimo modo, é como se nós, médiuns, fôssemos os soldados sendo treinados para uma batalha. Se o treinamento não for bom, ou se apenas poucos dos soldados estiverem preparados, os outros não preparados é que os levarão à derrota. Todos nós somos muito importantes uns para os outros. Nós não somos "marionetes" dos espíritos, mas co-colaboradores do trabalho.

Nesse dia de desenvolvimento, os guias dos outros médiuns ajudam os iniciantes, juntamente com os preceitos da Umbanda, que auxiliam na comunhão dos espíritos.

Da mesma forma, não existe médium "desenvolvido"... o aprendizado é eterno, sempre temos muito a buscar, a nos preparar. E a gira serve como repositório das energias.

É interessante, pois deste tema vem um monte de "penduricalhos"..."então o médium não é inconsciente?"; "o espírito entra em nosso corpo no momento da incorporação?";"sou eu que estou falando ou o guia?"...

Tantas e tantas perguntas... haja textos no blog para respondê-las! 

Quem quiser, é só mandar perguntas ou sugestões de textos na parte de "comentários".


"Os Espíritos amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes ofereçamos uma base..." (Chico Xavier)




Será que a visão espiritual de um desenvolvimento na Umbanda é assim?










Paz e bem a todos!



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